domingo, 26 de junho de 2011

A existência em outras instâncias

Concordo que é muito chato/desestimulante quando você acompanha um blog e ele fica séculos sem ser atualizado. A maioria faz o que eu também faço: para de frequentar. Pedra que não rola cria limo.

Acontece que o Criação-Fu! não está necessariamente parado. O que acontece, na verdade, é que estamos mantendo os esforços temporariamente em outras instâncias.

Por um lado, há alguns projetos de maior monta em andamento - coisas que estão exigindo pesquisa e elaboração com um timming diferente do de um blog. E isso, de certa forma, não tem dado muito espaço para o desenvolvimento de textos com o porte adequado a este tipo de publicação (na verdade, isso até já gerou uma "crise" saudável sobre qual seria o melhor formato de texto para cá, mas isso é discussão para um outro momento :).

Por outro lado, não é legal nem para nós nem para quem nos acompanha esses gaps tão longos entre um post e outro. E para dar vazão a diversas coisas legais que sempre estão aparecendo, o Twitter tem sido uma opção mais ágil. Um link aqui, uma referência ali, e aos poucos várias pílulas diárias (ou quase) vão sendo enviadas para não o vínculo com a proposta de ser uma fonte de informações úteis/legais para quem trabalha com criação publicitária.

Convidamos então quem tem nos acompanhado só por aqui (mas continua com sede de novidades) a nos seguir também pelo twitter @criacao_fu enquanto o material novo não pinta no blog. A expectativa (assim como a fome) pode ser um ótimo tempero.

domingo, 3 de abril de 2011

Nunca é suficiente relembrar alguns pontos

Às vezes, olhando de forma muito pragmática, a venda de uma ideia por meio do discurso de outros - principalmente citações - pode soar uma saída preguiçosa e pouco original.

Já no meio acadêmico, os rigores da metodologia científica correm exatamente para o outro lado, e - com uma provável honrosa exceção de Umberto Eco - ninguém constrói um raciocínio sem alicerçar sua argumentação nas falas de muitos outros que vieram antes.

Extremos à parte, você pode querer assegurar uma pureza de discurso (que na verdade não existe, mas isso é conversa para outro post) ou "sustentar-se nos ombros dos gigantes", mas não dá para negar que uma boa parcela da credibilidade do que dizemos se alimenta da credibilidade da fonte, e não do conteúdo. Seja ela você mesmo ou o já citado Umberto Eco.

A intencionalidade presumida que acreditamos ver no discurso do outro, por exemplo, afeta diretamente o crédito que damos à sua fala. Basta uma mínima desconfiança de que a argumentação tem motivações alheias para já criar uma barreira de ceticismo. Experiência, por exemplo, que toda mãe já viveu ("quando é a mãe que fala, filho nunca escuta!").

Se mães já ficam sem credibilidade, e professores, então? "Quem sabe faz, quem não sabe ensina, quem não sabe ensinar dá aulas de educação física", brinca Jack Black em "Escola do Rock". Piadas à parte (sem ressentimentos, pessoal da educação física! :) professores com frequência passam pela mesma situação. São horas falando sobre caminhos possíveis e caminhos problemáticos, sobre onde ficam os gargalos do processo, e ainda assim, ao final, lá estão todos os problemas espalhados pelos trabalhos finais. Mas basta uma palestra num evento de publicidade, e de repente tudo aquilo que foi dito passa a fazer sentido para o aluno, que ocasionalmente vem contar como em uma hora de palestra ele aprendeu mais coisas sensacionais que em um semestre de aula. O que seria genial, não fosse o fato dessas coisas sensacionais terem sido todas exploradas em sala.

(ei, claro que outros fatores influenciam. Foco, cansaço, predisposição, metodologias melhores ou piores. E a perspectiva de uma coisa nova fora de sala de aula sempre atiça mais a curiosidade. Mas um professor não se furta a fazer um pequeno drama, de vez em quando :)

Por isso às vezes é interessante cortar intermediários e trazer você mesmo para o ambiente acadêmico as falas dos gigantes da área. Uma citação com um nome de peso de alguém inserido no mercado faz horrores pela credibilidade de uma mensagem. Foi nesse espírito que esbarrei numa entrevista antiga com o Roberto Duailibi, em que ele fala sobre processo criativo. Destaco um trecho em especial:

"Eu tenho método. Por exemplo, eu nunca escrevi um título sem que eu escrevesse pelo menos quarenta títulos. Eu acredito que a quantidade de ideias gera qualidade. Então, a primeira condição é não ter preguiça. É você sentar em frente ao teclado e escrever, escrever, escrever... nunca ficar satisfeito com uma solução até encontrar aquela frase que seja realmente circular; que penetre, que diga tudo aquilo que você quer dizer com poucas palavras."

Adorei ouvir aquelas palavras, porque elas reproduzem exatamente algo que é falado em sala de aula quase todos os dias. Por isso trago para cá a frase e o link para a tal entrevista, torcendo para que uma mãozinha de um dos melhores redatores publicitários do Brasil ajude a convencer os alunos daquela velha máxima sobre "1% de inspiração, 99% de transpiração".

O processo criativo, por Roberto Duailibi - DPZ- parte 01

O processo criativo, por Roberto Duailibi - DPZ- parte 02

O processo criativo, por Roberto Duailibi - DPZ- parte 03

O processo criativo, por Roberto Duailibi - DPZ- parte 04

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Ainda sobre a história das mães: um conhecido, após discutir por horas com sua mãe sobre um determinado (e polêmico) ponto de vista, ouviu dela o argumento final: "tudo bem. Não me dê ouvidos. Mas você vai passar por isso também. Eu desejo somente que seu filho seja um filho exatamente igual ao que você foi". Ao que ele, numa epifania de percepção sobre si mesmo, respondeu enfaticamente: "poxa, mãe, agora você pegou pesado..."

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Conceitos, bois e bananeiras


O fato é verídico e aconteceu com um grande amigo meu, designer, numa rodoviária da vida. Um fazendeiro muito simpático sentou-se ao seu lado e logo puxou assunto sobre o tempo, a demora do ônibus e outras amenidades. Não demorou a surgir os assuntos de trabalho. “E aí, meu fio. O que ocê faiz da vida?” “Mexo com criação” – respondeu laconicamente. “E ocê cria o quê?” “Eu crio conceitos, logomarcas, latas, adesivos...” “Gozado criá lata... eu vivo é de criá boi.”

Depois disso, quase toda vez que eu estou criando algum conceito, peça ou campanha, me vem a imagem de um bando de holandesas pastando candidamente. Quer uma coisa mais palpável do que uma vaca? Arrobas e mais arrobas de presença física, chifres, leite todas as manhãs, um churrasco no fim da vida. Criar bois prescinde de informações adicionais. Mas nós criamos CONCEITOS. Quer algo mais intangível que isso? Conceitos também nascem, crescem, se reproduzem e... olha que legal! Os bons nunca envelhecem ou morrem! Não é uma Brastemp, tem coisas que o dinheiro não compra, mil e uma utilidades... Como fazer as pessoas que não são “do mundinho” entender isso? Só existe um jeito. Criando conceitos realmente memoráveis, que aumentem as vendas e se tornem eternos. Segundo CAMARGO (2004), conceito criativo nada mais é que uma forma original e inovadora que procura fixar na mente do público-alvo uma afirmação desejada. Captaram? É preciso fixar-se na mente do Sr. Target, não como aquelas canções grudentas que provocam alterações de humor (não vou citar nenhuma pra você não acordar com ela na cabeça amanhã e me detonar no twitter). Sempre me enterneço com a simplicidade e a genialidade de Bastos Tigre para a Bayer, num slogan que existe desde 1922. “SE É BAYER, É BOM.” Sonoro, forte, fácil de fixar. Fácil? Imagino sempre uma senhora na gôndola da farmácia comprando sua aspirina. Se é Bayer é bom.

Qual o segredo então? Treino, treino, treino. Simplificar ideias complexas. Vestir o corpo e encarnar o espírito do público em questão. Como ele fala, como ele se veste, onde ele vai? Depois brincar com as formas, as sintaxes, os materiais. Cruzar o estudo minucioso com as ideias mirabolantes e “emprenhar-se” de algumas soluções possíveis.

O resultado só o tempo e o feedback das pessoas ( e dos gráficos de venda) nos trará. Talvez sim, seremos capazes de gerar boas memórias. Talvez não, melhor criar bois, vacas, galinhas, plantar milho ou bananeira. Vale criar de tudo. Menos abobrinha.

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Nívea Braga é a mais nova colaboradora do Criação-Fu!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Processo criativo: dois livres diagramas

Estes dois diagramas foram criados para ajudar a explicar o processo criativo, e utilizados como suporte às aulas de Criatividade e Inovação.

São uma livre interpretação do processo - que também é definido como tendo 4, 5, 7 ou até 10 fases - e como tudo mais que envolve heurísticas, estão mais para mapas exploratórios que para um guia definitivo.

A ideia é mostrar alguns dos conceitos-chave e enfatizar os aspectos racionais ou abstratos predominantes em cada fase, além de suscitar alguma reflexão sobre o processo.

Quanta informação você consegue tirar desses diagramas?

domingo, 16 de janeiro de 2011

Criação Fu! não sai da cabeça ;)

Uma surpresa legal: o twitter do Criação Fu! foi indicado pelo site Acervo Publicitário para o seu Top Of Mind - Os 100 Mais criativos como um dos "100 perfis do twitter que todo Publicitário / Designer deve seguir". Confira aqui a lista dos indicados.

Muito legal aparecer numa lista que inclui gente como Blogcitário, Update Or Die, Abduzeedo e Brainstorm 9. Mais legal ainda é saber que as pessoas estão acompanhando e achando legal.

Sem demagogia, essa é *de longe* a melhor recompensa e a razão pela qual mantemos este blog.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Nossos pios: quotes

  • designer que não usa grids deve ser publicamente humilhado (tar and feather). http://tinyurl.com/6s5rne (via @glenhomer )
  • RT @smashingmag: "I'm not sure why, but designers who claim that design is all about making clients happy scare the hell out of me". Witty.
  • Jeff Goodby: 'We are Becoming Irrelevant Award-Chasers' -http://tinyurl.com/luruz8
  • People who go into design not to buckle down and solve problems but because they seek attention should not go into design (@smashingmag)
  • RT @alinevalek: RT @joaopitanga O sinônimo está para o Redator assim como o layer está para o Diretor de Arte.
  • RT @dustinharbin: Freelancing Pro-Tip: Everything Takes Three Times Longer Than You Think It Will.
  • Você que trabalha na área de criação e sempre reclama que o prazo é curto, queria ver criar o mundo em apenas sete dias. (via @OCriador)
  • Comic Sans walks into a bar and the barman says, "we don't serve your type here" #PiadaNerdDeDesigners
  • "Utilizar beija-flor homem voando, sendo atraído por uma beija-flor mulher q está tocando violão p/ uma cachoeira..."#PioresBriefsDoMundo
  • "We like neutral colors, like lime green and purple" (http://bit.ly/a5pDeR) #ClientsFromHell
  • “NoNoNo, we can’t show cows in our ads. Our customers will find it disgusting when they realize that milk comes from cows.”#ClientsFromHell
  • "I want a Myspace type site for kids, like ages 1 to 5."#ClientsFromHell
  • "Bullshit. I know Flash does all the animation for you."#ClientsFromHell
  • "The video looks great! Now upload it to youtube and make it go viral." #ClientsFromHell
  • "I prefer that you create all the designs in Microsoft Word as this is a much better program to work with." #ClientsFromHell
  • “I’m not sure what I want, but I’ll know it when I see it.”#ClientsFromHell #Classica
  • "Can you make the font more dangerous?" #ClientsFromHell
  • "There is too much… white, lets fill it up. I want to make sure I get my money’s worth." #ClientsFromHell
  • "£400 for design?! That’s just typing in color!" #ClientsFromHell
  • "You’re the designer, Why do you need information from me?"#ClientsFromHell
  • O pensamento voa e as palavras andam a pé. Aí está o drama de quem escreve. (Julien Green)
  • Aluno é o target mais difícil do mundo. Você dá aviso, publica material, cola cartaz, manda msg e sempre um diz "é? não estava sabendo..." (anônimo)
  • "(...) na áfrica o que rola é caucasiano. Tipo, caucasianos, e brancos, também." #OuvidoAquiNaSalaAgora #Perolas
  • "Since the text is white lettering will the search engines be able to ‘read’ it?" #ClientsFromHell
  • “Who do you think you are to make demands? It’s not like this is a real job anyway, all you’re doing is drawing.” #ClientsFromHell
  • Me: “The password is ‘123456’.” Client: “Upper or lower case?”#ClientsFromHell
  • "Can you please confirm that you are Web 2.0 compliant so that we cannot be sued for discrimination by law?" #ClientsFromHell
  • "I hate it when you do exactly what I tell you to do." #ClientsFromHell
  • "I want a website that pops-up on peoples GPS systems when they drive by my store. Let’s take a range of 5km." #ClientsFromHell
  • Me: “Vectorizing the logos takes some time because...” Client: “Time? Renaming files from *.jpg to *.eps takes time?!”#ClientsFromHell
  • "These stock images are way too expensive, please just remove the watermarks in Photoshop." #ClientsFromHell
  • Quer escrever bem? Não trate vírgula e crase como orégano, espalhando pelo texto onde quiser. (via @estadodecirco)
  • Ciclo de vida: obra original » referência » tendência » estilo » commodity » powerpoint enviado por e-mail com "muito lindo" ou "kkk"
  • "When the hell did a contract become some big, official thing? It’s just a damn piece of paper!" #ClientsFromHell
  • É complicado ensinar criação publicitária em época de eleições. As campanhas quebram minhas pernas quando digo "evitem tosqueiras".
  • “As normas existem para a obediência dos tolos e a orientação dos sábios” (David Ogilvy)
  • "It should only take an hour or two for someone who knows what they are doing." #ClientsFromHell
  • “We really like your illustration style, very artsy. But we don’t feel you can put a price on art. Can you do it for free?” #ClientsFromHell
  • Celular Secret Carbono da LG num preço legal. Mas não compensa, porque só faz 4 ligações #TurudumTiss
  • "Please erase all other google search results showing our competitors websites immediately. If you cannot..."http://tumblr.com/xephcks9x
  • A pessoa q escrever um livro "Como identificar Metáforas" ou algo assim ficará milionária. Como tem gente óbvia e literal nesse mundo, céus! (via @DonaFarta)
  • Homens apreciam tanto ler Playboy quanto National Geographics porque eles adoram poder conhecer lugares que nunca vão visitar na vida real. (anônimo)
  • RT @fleytcher: vc publicitário (aspira) q só sabe falar de propaganda: Pára de decorar anuários e vá pras ruas, VIVA. Criação tá fora daqui.
  • Encontrei hoje uma pubicitária tb formada no CEUB que se lembrou de uma palestra que dei sobre Sampling (tema do meu TCC). Olha a responsa. Ainda bem que a lembrança foi positiva ("pô, naquela época você já falava sobre isso, e agora a coisa está aí"). Gratificante, não nego :)
  • Sim, existem perguntas estúpidas. Mas sua quantidade é muito menor do que a de professores ruins. (via (@radfahrer)
  • "We’ve identified our target audiences. They’re 50% female and 42% male." #ClientsFromHell
  • Faz do leite uma alegria #SlogansQueTambemServemParaKY
  • Um raro prazer. #SlogansQueTambemServemParaKY
  • "my husband is from Germany and so he has a natural born sense of design." #ClientsFromHell
  • Fato. // RT @aperteoalt: Se pegar um comercial de sabão em pó e trocar o produto por uma pasta de dente, ninguém vai notar a diferença.
  • "Muitos escritores seriam mais lidos, se tivessem escrito menos". Emanuel Wertheimer

Nossos pios: para ler e inspirar - artigos, matérias, textos e incubação