quinta-feira, 1 de maio de 2008

A filosofia das letras

O filósofo já disse: mais importante que o dito, é o não dito. Não quero cometer nenhuma heresia ao citar Foucault, mas o bom texto publicitário deveria beber de canudinho nessa fonte. Por que falar o óbvio ululante? Por que mostrar tudo e estragar a surpresa? Galera, vamos seduzir! Talvez vocês não se lembrem, mas houve um tempo em que as mulheres andavam mais vestidas, em que o Chico Buarque cantava “as janelas dos vestidos” (leia-se decotes), os homens caprichavam no texto das cantadas ou chavecos, como dizem os paulistas.

Hoje está tudo na base do “vai ser bom não foi?” Tudo rapidinho, instantâneo à la miojo lámen. Aonde foi para o sabor do texto? Fique você sabendo que é muito gostoso ver, mas imaginar, nem se fala. Voyerismos à parte, o texto apetecível vai se descortinando a cada linha. Parece que as letrinhas se transformam em seres animados que dançam, deliciosamente, para os nossos olhos. Isso acontece, muitas vezes, desde o comecinho do título até quase o último parágrafo. O melhor, meu caro leitor, sempre está por vir. O nosso amigo target, aquele que tem bom gosto e sensibilidade, sabe disso. Ele entra na história, se envolve com a brincadeira e torce pra acertar qual é o produto no final. Malditos redatores, eles sempre acertam.

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