domingo, 1 de junho de 2008

Ars Gratis Artis


Andar de bicicleta é uma metáfora que serve a muitas atividades. "Para aprender basta começar", "quanto mais você pratica, melhor se torna nisso", "quem aprende nunca esquece" - todas essas características se aplicam a diversos tipos de aprendizado. Mas em outros, a questão vai um pouco além disso. Desenhar é um deles.

Um amigo meu, saxofonista, me disse certa vez que tocar saxofone é um trabalho que envolve continuidade. "para cada semana que você abandona o sax, ele te abandona três". Descobri que desenhar envolve uma dinâmica semelhante. O trabalho de ganhar firmeza de traço e desenvoltura para reproduzir idéias visualmente envolve (além de constante pesquisa) labuta diária e um pouco de amor ao desenhar pelo desenhar em si.

Comecei a desenhar muito cedo, e em um dado momento o ato de desenhar deixou de ser somente expressão individual e veio de encontro a meu foco profissional - razão que me levou a trabalhar com Direção de Arte e me aproximou do Design Gráfico como autodidata. De lá para cá busco diariamente o aprimoramento técnico e formas de transitar melhor no campo da ilustração.

Uma das formas que mais colaborou para esse aprimoramento foi trabalhar o desenho espontâneo. Hoje carrego um sketchbook para todo lado, e sempre que posso páro para registrar alguma cena que vejo, experimentar desenhos rápidos de coisas em movimento e principalmente a valorizar bastante a capacidade de expressão livre, mais que a técnica depurada (parte desse trabalho pode ser visto aqui). Desenhos detalhados podem ser desenvolvidos com tempo, dedicação e boas ferramentas, mas a capacidade de explorar idéias e captar a beleza da comunicação fugaz só se consegue de um jeito: deixando as travas de lado e desenhando, desenhando e desenhando.

Dia desses precisei acordar muito cedo numa manhã de sábado para um compromisso, e vendo que já estava mesmo na rua numa manhã ensolarada e agradável, achei de bom tom não voltar para casa, preferindo aproveitar o momento.

Aqui em Brasília há diversos espaços abertos ótimos para quem tem tempo livre e gosta de observar o que acontece à sua volta. Acabei indo até a Praça dos Três Poderes, onde pude me sentar calmamente, curtir um pouco de sol e vento, ver as pessoas passando e desenhar pombas e cabeças de presidente.

Para quem quer se dedicar a Direção de Arte, saber desenhar pode até não ser um pré-requisito inevitável, mas certamente ajudará bastante a expor suas idéias e a criar bons layouts e metáforas gráficas.

Em resumo: não perca tempo. Pegue um caderno de desenhos, arme-se de uma boa caneta nanquim e saia por aí, capturando a vida.

Nenhum comentário: